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A trágica história do Cruzador Bahia: um dos piores naufrágios do Brasil

A trágica história do Cruzador Bahia: um dos piores naufrágios do Brasil-0

Em 4 de julho de 1945, o Cruzador Bahia, navio de guerra da Marinha brasileira, afundou de forma trágica a cerca de 800 km da costa do Rio Grande do Norte. Ao todo, 336 membros da tripulação morreram no naufrágio, um dos piores da história do país. O surpreendente é que a causa do desastre foi um exercício de tiro que deu errado.

Revolta da Chibata e gripe espanhola

Construído na Inglaterra em 1907 e incorporado à Marinha do Brasil em 1910, o Cruzador Bahia (que media 122 metros de comprimento e pesava 3.100 toneladas) participou de eventos históricos. O primeiro deles foi a Revolta da Chibata, movimento que denunciou o uso sistemático da violência dentro da Marinha contra marinheiros de baixa patente, principalmente negros. Sua tripulação se juntou aos rebeldes liderados pelo cabo João Cândido entre os dias 22 e 26 de novembro de 1910.

Cruzador Bahia
Cruzador Bahia (Imagem: Marinha do Brasil, via Wikimedia Commons)

Depois disso, em 1918, a embarcação participou de missões durante a Primeira Guerra Mundial. Junto com outros navios da Marinha, o Bahia foi enviado para patrulhar a costa atlântica da África. Nesse período, enquanto o navio estava em Dacar (no atual Senegal), seus tripulantes foram os primeiros da frota brasileira a serem infectados com a gripe espanhola. Rapidamente, o contágio se espalhou entre os outros barcos e matou mais de cem marinheiros (número superior ao de brasileiros mortos no conflito).

O Brasil entrou oficialmente na Segunda Guerra Mundial em 31 de agosto de 1942, ao lado dos Aliados. A partir daí, o Cruzador Bahia foi muito usado na Batalha do Atlântico para missões de escolta e patrulha. Ao todo, o navio viajou por 101.971 milhas náuticas (188.850 quilômetros) em 358 dias, desempenhando um papel na proteção de mais de setecentos navios mercantes.

Após o fim da Segunda Guerra na Europa, em maio de 1945, várias embarcações dos países aliados, incluindo do Brasil, foram designadas para patrulhar o Oceano Atlântico, como navios de resgate. Eles ficavam ao longo de rotas atravessadas por aeronaves de transporte militar, carregando pessoal e suprimentos da Europa para o Teatro de Operações do Pacífico, que ainda estava ativo. Entre esses navios, estava o Bahia. 

Cruzador Bahia
Cruzador Bahia (Imagem: Domínio Público, via Wikimedia Commons)

A tragédia aconteceu enquanto o Bahia estava na costa do nordeste brasileira prestando auxílio via rádio aos aviões americanos que retornavam do conflito fazendo a rota Dacar-Recife. No dia 4 de julho, o comandante do navio ordenou um exercício de tiro a bordo da embarcação. Ao tentar acertar um alvo flutuante, tiros de metralhadora atingiram as bombas de profundidade arrumadas sobre o tombadilho do navio, causando uma grande explosão que destruiu boa parte de sua popa. O cruzador afundou completamente em poucos minutos.

Estima-se que a explosão tenha matado mais de cem marinheiros. Os tripulantes que não morreram imediatamente tentaram escapar em 17 balsas salva-vidas precárias. Depois de 24 horas do naufrágio, os sobreviventes começaram a sofrer com o cansaço e com a sede. De sete balsas, foram recolhidos 33 sobreviventes, sendo cinco agonizantes, que foram sepultados no mar. Das outras dez balsas, foram recolhidos oito sobreviventes. 

Segundo a Marinha, ao todo, morreram 17 oficiais, 15 suboficiais, 42 sargentos, 224 cabos, 29 taifeiros, cinco fuzileiros navais e quatro marinheiros americanos. Durante um tempo, foi especulado que o navio poderia ter sido atingido pelo ataque de um submarino alemão, mas investigações posteriores indicaram que a causa do naufrágio foi mesmo o acidente com as bombas de profundidade. 

FONTES:
 
MARINHA DO BRASIL
IMAGENS:
 
MARINHA DO BRASIL, VIA WIKIMEDIA COMMONS